A Tornozeleira no Ex-Presidente Bolsonaro e a Indignação Seletiva: Um Paralelo com a Prisão de Lula

 A Tornozeleira no Ex-Presidente Bolsonaro e a Indignação Seletiva: Um Paralelo com a Prisão de Lula

A notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta sexta-feira, 18 de julho de 2025, por autorização do Ministro Alexandre de Moraes, e recebeu uma tornozeleira eletrônica para prevenir uma possível fuga, gerou uma onda de reações. Entre elas, destacou-se a indignação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente. Em nota divulgada à imprensa, Eduardo expressou sua revolta com a decisão que impede seu pai de se comunicar com ele, classificando-a como um ataque à democracia e aos direitos individuais.

A revolta de Eduardo Bolsonaro, compreensível do ponto de vista de um filho, esbarra em um notável contraste quando comparada a episódios recentes da história política brasileira. A frase popular "pimenta nos olhos dos outros é refresco" parece se encaixar perfeitamente aqui.

O Caso Lula e a Ausência no Velório do Irmão

É impossível não traçar um paralelo com a prisão do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. Na época, detido em Curitiba pela Operação Lava Jato, Lula enfrentou uma situação que, para muitos, simbolizou um endurecimento do rigor judicial. Um dos momentos mais emblemáticos e dolorosos foi quando Lula foi impedido de comparecer ao velório de seu irmão mais velho, Genival Inácio da Silva, o "Vavá". A decisão judicial da época, que negou o pedido de Lula para se despedir do irmão, gerou ampla repercussão e críticas, sendo vista por muitos como uma medida desumana e desnecessária.

A dor de um filho ou de um irmão em uma situação de impedimento de contato ou de despedida é, sem dúvida, profunda. No entanto, a indignação demonstrada por Eduardo Bolsonaro contrasta com o silêncio ou a defesa das medidas restritivas impostas a Lula por parte de seu grupo político. A narrativa de "perseguição" e "arbitrariedade" agora utilizada por Eduardo e seus aliados para defender Jair Bolsonaro ecoa, em muitos aspectos, as mesmas críticas feitas à época por apoiadores de Lula em relação ao tratamento que o petista recebeu.

A Justificativa e as Consequências

A decisão de Alexandre de Moraes de impor a tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro, segundo a Polícia Federal, visa prevenir uma possível fuga, considerando o histórico de movimentos e articulações políticas do ex-presidente e a gravidade das acusações que pesam contra ele. A restrição de comunicação, por sua vez, é uma medida comum em processos judiciais para evitar a obstrução da justiça, coação de testemunhas ou combinação de versões.

O que se observa é uma seletividade na indignação. Medidas restritivas são percebidas como um abuso quando afetam os próprios, mas justificáveis ou até mesmo necessárias quando impostas a adversários políticos. Essa postura enfraquece o debate público sobre a aplicação da lei e a garantia dos direitos, transformando questões jurídicas em meras disputas políticas.

O episódio envolvendo Jair Bolsonaro e a reação de seu filho, Eduardo, serve como um lembrete contundente de que a justiça deve ser cega, e não seletiva. A aplicação da lei, independentemente de quem seja o alvo, deve ser pautada pela imparcialidade e pelo respeito aos direitos fundamentais de todos os cidadãos, sem que a dor ou a indignação seletiva obscureçam a necessidade de um sistema jurídico equânime.

Você acha que essa seletividade na indignação política contribui para a polarização no Brasil?




(GILSON ROMANELLI-JORNALISTA)

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